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A obesidade mórbida ainda é vista por muitos como um problema meramente estético, causado pelo desleixo com a aparência física e por uma alimentação desregrada. No entanto, agora já se sabe que se trata de uma doença crônica e progressiva que vem crescendo no mundo inteiro em níveis alarmantes, tornando-se um grave problema de saúde pública.
A doença tem em sua origem múltiplas causas, com especial destaque para o estilo de vida moderno que contempla excessos de toda ordem e hábitos sedentários. Mas não podemos deixar de considerar, é claro, o componente genético da hereditariedade, que é um grande facilitador para a obesidade mórbida.
Seja qual for a causa, o fato é que o acúmulo excessivo de gordura corporal implicará comorbidades, como hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto, doença ateroesclerótica, infiltração de gordura no fígado, dores articulares e incontinência urinária. Além disso, há os danos de natureza psicológica, como o afastamento do convívio social, dificuldade em manter relações afetivas e falta de harmonia no ambiente de trabalho.
Diante disso, surge a necessidade de se estabelecer uma estratégia para o tratamento da obesidade mórbida que abarque não somente a perda de peso, mas também a cura ou melhora significativa de suas complicações e a preservação do peso ao longo dos anos.
Para a adoção da estratégia cirúrgica, e não apenas de um tratamento clínico (nutrição, medicação e prática de exercícios físicos), será preciso recorrer ao IMC como referência. A via cirúrgica está indicada para pacientes Grau II, com comorbidades associadas, ou para os que têm IMC acima de 40 (Grau III em diante). De antemão, sabe-se que, para tais tipos de pacientes, só o tratamento clínico conservador não resolve; revela-se ineficiente em mais de 95% dos casos.
Cabe ressaltar que o objetivo de todo o tratamento para obesidade mórbida se baseia em um tripé:
1) Perda do excesso de peso (pelo menos 50% do excesso).
2) Resolução ou melhora significativa das comorbidades.
3) Manutenção a longo prazo desta perda de peso.
Existem várias técnicas cirúrgicas que podem levar a estes objetivos: a de restrição da ingesta alimentar (cirurgias restritivas), a de disabsorção alimentar (cirurgias disabsortivas) e a mista (combinando os dois procedimentos).
Ao longo de nossa trajetória, tivemos oportunidade de realizar cirurgias restritivas (banda gástrica, gastrectomia vertical ou sleeve) cirurgias disabsortivas (derivação bileopancreática ou Scopinaro) e as mistas (gastroplastias redutoras sem anel com reconstrução em y de roux). Pudemos, assim, com o passar do tempo, comprovar que as diferentes técnicas cirúrgicas geram diferentes resultados e que, normalmente, a melhor técnica combinando maior perda de peso e satisfação pessoal do paciente em relação à qualidade de vida é a da gastroplastia redutora com bypass sem anel. Esta conclusão é consensual entre os cirurgiões bariátricos, tendo sido ratificada em inúmeros estudos comparativos. Por isso, a gastroplastia redutora se transformou na técnica cirúrgica mais utilizada no mundo inteiro na luta contra a obesidade mórbida.

Nosso diferencial é a realização dessa cirurgia por videolaparoscopia, um procedimento menos invasivo e, portanto, menos doloroso, e com recuperação mais rápida. A sutura de reforço das linhas de grampeamento resulta em maior segurança, e o pós-operatório não exige permanência em CTI, o que diminui o risco de infecções, facilita o caminhar mais precoce do paciente e permite sua permanência em companhia dos familiares, e um retorno precoce as suas atividades.

No pós-operatório, o paciente é liberado em seis horas para sair do leito (reduzindo os riscos de trombose e embolia pulmonar) e, em seis horas, o paciente já sai da cama e é iniciada dieta líquida. No dia seguinte à cirurgia, após visita médica, o paciente poderá ter alta, com uso seletivo de dreno abdominal, e seguirá com o controle ambulatorial. Os resultados da cirurgia serão otimizados pelo acompanhamento de nossa equipe multidisciplinar, que desenvolve um trabalho integral de restabelecimento do paciente e de sua adequação a uma nova realidade.